segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nativismo e Patriotismo, sem hora extra por favor.

Ontem estava lembrando da minha última aula de sociologia, em que a professora se disse abismada, porque no aniversário da escola, ela descobriu que os alunos dela não sabiam cantar o Hino Nacional. E pediu que colássemos a letra em nosso caderno.
Oi? Estou no 2º ano do ensino médio.
Pois bem, a partir de então fiquei me perguntando qual a verdadeira importância de saber cantar o hino nacional.
No dia do jogo do Brasil vemos todos os jogadores reunidos em uma fileira: com postura, demonstrando respeito à "Pátria amada, idolatrada. Salve, Salve", mão no peito, sem aplausos. A maioria dos brasileiros torcendo pelo time do seu país, seja na arquibancada, seja pela televisão.
Você sabe quanto recebe um jogador de futebol? Sabe quanto cada transmissora de televisão, camera-man, repórter, juiz, ou o que quer que seja (exceto os faxineiros), recebem só por você apertar o controle da TV? E o seu ingresso no Maracanã, você sabe quanto é lucrado em cima dele?
As pessoas que sabem quanto custa estão cantando o hino nacional na sala da sua casa, através de uma caixinha.
Vamos para outro lado: Políticos estão cercados pela bandeira do Brasil no Congresso Nacional. Fazem o que querem com o nosso país - e a tal da "democracia"?
Agora um exemplo clássico ao lado das pessoas que eu convivo.
Dia de Copa do Mundo.
Todos se reunem para assistir os jogos do Brasil.
- Vamos assistir ao jogo lá em casa Alice?
- Não, prefiro ficar em casa. Obrigada pelo convite.
- Cadê o seu patriotismo menina?
- Então quer dizer que o patriotismo só existe em dia de jogo de futebol?
O fato que eu já enjoei essas pessoas que cantam o hino com o maior orgulho, mas estão enchendo os bolsos com o dinheiro daqueles que não sabem nem quais são os seus próprios direitos.
Eu me surpreendo muito mais com a hipocrisia daqueles que sabem cantar o Hino Nacional, do que com a ingenuidade daqueles que não sabem.
Mas não defendo essa "ingenuidade", porque é obrigação de todos os cidadãos saberem de seus direitos no seu país.
Acredito que contribuir para que o lugar onde você vive seja melhor, não parte de uma música que você saiba cantar só pra não fazer feio na frente dos outros. Isso é pura farsa, para quem não tem argumentos, e pra quem gosta de "mediocrizar" os outros.
Se queremos estampar na testa que somos patriotas, que lutamos por uma nação melhor, comecemos por plantarmos uma árvore, ou ajudarmos de alguma forma para que o nosso país cresça. Defendo nossos direitos e fazendo política de verdade.
Porque essa poesia nada mais é do que uma utopia de um país recém-descolonizado. Depois que as coisas REALMENTE mudarem, poderemos cantar de boca cheia, e o peito estufado de orgulho:

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!


Enquanto isso a versão do Cazuza sobre o Brasil é muito mais verdadeira do que a do Francisco Manuel da Silva com o Joaquim Osório Duque Estrada.

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...


*Confiram a letra da música "Eu despedi o meu patrão", do Zeca Baleiro para que o título fique mais claro.

- Alice Diniz

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O problema é que os humanos estão esquecendo de ser.

Cada dia que passa eu fico mais incontente com o mundo.
Talvez não seria o mundo, mas sim as pessoas. O problema é que o recheio do mundo são as pessoas. E isso está ficando cada dia mais estragado.
Cada um está mais preocupado com seu próprio umbigo.
Se o mundo vai acabar em fogo, cada um está em busca de uma pesquisa ou experimento científico que o salve das chamas.
Ninguém se preocupa com o bem comum.
Reflitam após lerem a tirinha ao lado.
Se ao menos tentássemos ser alguém melhor, talvez conseguíssemos.
"As formigas são pequenas, mas formam um exército juntas." (Raul Seixas)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Este mundo da injustiça globalizada.

Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor.

José Saramago - 18/03/2002 (Ultimos parágrafos retirado do texto "Este mundo da injustiça globalizada")

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"O sistema é mau mas minha turma é legal."

Uma coisa é fato: as eleições estão na metade - ainde existe segundo turno em alguns estados - e a insatisfação de muitas pessoas é perceptível. É claro que se fosse insatisfação da maioria, não haveria um porque dela existir.
Mas convenhamos: Roseana Sarney ser eleita no MA já é uma coisa mais que absurda. "Depois não venham reclamar que a saúde não presta, que a educação tá ruim." Quando teve o poder não mão soube usar. E é isso que me deixa mais indignada: a falta de informação. Se metade das pessoas que votam soubesse o verdadeiro valor do seu voto não faria tanta burrada nas eleições e não trocaria seu voto por nenhum pedaço de pão.
Se os governadores investissem realmente na educação, e obrigassem que todos tivessem uma matéria para o estudo exclusivo dos Direitos Humanos, da Lesgilação e todas essas outras coisas que muitas pessoas nem sabem que existem, talvez 10% a mais dos brasileiros se sentissem mais úteis e reivindicassem mais os seus  direitos.
Mas o pior é que temos mania de achar que já conquistamos muito, e que as coisas vão ser resolvidas e blablablá. Agora me diga: quantas revoluções ou protestos existem anualmente no Brasil? Além das greves, eu não lembro de nenhum grande movimento para a luta dos nossos direitos.
Dos anos 20 aos anos 90 esse tipo de movimento era bem mais frequente.
Vamos acordar? Fazer do Brasil um país digno e um exemplo de saúde, educação e outras coisas que também são importante para a nossa sociedade? Parar com essa mania de dizer: "-o Brasil não presta" "-brasileiros são burros" "-podemos matar pessoas, explodir tudo e eles (os brasileiros) dizem obrigado, obrigado e leve um macaco!" (Sylvester Stallone)
Ora, se nós somos brasileiros não podemos aceitar isso como piadinhas de loiras, por exemplo. (Eu sou contra qualquer tipo de piada ofensiva, mas não quero que piadas sobre o meu país fique tão normal quanto essas.)
Mas, reflita: Um simples gesto de uma pessoa pode mudar uma vida. Um simples gesto de milhares de pessoas pode mudar uma geração. Ou você quer que seu filho cresça em um mundo mais Globalizado do que o que já vivemos? Que a maior parte do seu tempo vai ficar assistindo televisão, comendo fast-food e se matando aos poucos?
Qual o futuro que você quer para o seu futuro?

Alice Diniz